8 de jul. de 2009

Quando se começa a morrer

"A consciência se expressa através da criação. Neste mundo nós vivemos dentro da dança do criador. Dançarinos vem e vão num piscar de olhos, mas a dança sobrevive. Em muitas ocasiões quando eu estou dançando, eu me sinto tocado por algo sagrado. Nesses momentos, eu sinto meu espírito subir e se fundir com tudo o que existe. E me transformo nas estrelas e a lua. E me transformo no amante e o amado. E me transformo no vencedor e o vencido. E me transformo no mestre e o escravo. E me transformo no cantor e a canção. E me transformo no conhecedor e o conhecido. E continuo a dançar então, esta que é a eterna dança da criação.

O criador e a criação se fundem numa plenitude de alegria. E eu continuo dançando... e dançando... e dançando. Até que haja apenas... a dança." Michael Jackson in: Dangerous,1991.

Acho eu,é uma teoria que tenho,que não morremos quando chega a nossa hora. Morremos antes, aos poucos e no dia do nosso velório o que as pessoas veem é só uma decima parte do que somos e fomos. Morremos quando morrem nossos pais, nossos amigos, nossos filhos. Morremos quando um lugar que amamos não existe mais, quando aquela praça da nossa adolescência é demolida, quando aquele coreto de nossa memória é engolido por um prédio de mil janelas ou o terreno de nossa escola primária vira estacionamento rotativo. Há pessoas que por mais que nunca saibam, fazem a diferença na vida de alguém. Michael era esse tipo de pessoa. Apesar da vida conturbada, ainda assim, o que vinha à tona sempre era o seu talento, brilhando sempre mais do que suas excentricidades. Fez parte da minha vida e lembro que aos 4 anos, ao ver o clipe Triller ser exibido no fantástico, corri para debaixo da minha cama, num misto de medo e fascinação. Em cada pedaço de minha infancia ele estava lá e nos anos da adolescencia suas fotos enfeitavam uma pasta de recortes juntados com carinho ao longo dos anos. Há algo nas pessoas que viram mitos. Emblemas que são, levam consigo a marca da época em que viveram e com sua morte, findam também um período da história.Ainda não chorei o que preciso chorar e talvez sempre o faça toda vez que vir alguma imagem dele que me é cara. Morri um pouco hoje. Isso é fato. Michael leva um pouco de mim, sem nunca ter sabido da minha existencia. E eu que era apenas um ponto na multidão de fãs, desejo do fundo do coração que no fim ele tenha sentido paz. E aqui fora tudo será festa pra mim, quando uma de suas músicas tocarem, principalmente se forem de "off the Wall" meu cd preferido.Vai em paz Michael Joe jackson. Criança sofrida,adulto itinerante.

7 comentários:

Moça do Fio disse...

Olá! Que bom que voltou. Cê demorou demais, eu senti falta dos teus post's.

E eu concordo contigo. Morremos um pouquim a cada dia, a cada despedida eterna que damos a um parente ou amigo.
Mas o melhor de tudo, é que ainda morrendo assim, permanecemos vivos também, amando intensamente os que foram, e os que estão por perto.

O Michael é um mito. E como tal, jamais morre.

Beijo!

Deborah O'Lins de Barros disse...

Olá!!
que lindo teu texto, em vários momentos me vi nele também. com a diferença que conheci Michael aos 8 anos, na época do Dangerous. Ficava, imaginando que ele cantava "Do you remember the time" para mim :-)

mas é claro que podes me visitar novamente! ficarei muito contente. e eu também te visitarei, vou colocar um link do teu blog no meu.

abraços,
Deborah

Lizzie disse...

Certamente muitos fãs estão um pouco órfãos hoje. Já me senti assim graças a um "ídolo" muito querido, que faleceu em 1996 e antes disso havia propiciado grandes descobertas na minha vida. Aliás, propicia até hoje porque seu trabalho continua firme.

O que desejamos é que a morte, sendo ela uma passagem ou uma incógnita, seja leve sempre.

E quanto ao blog: seja bem-vinda. Fico feliz que tenha gostado. Volte sempre!

Beijos

Ale Quites disse...

Ahhh! Que pena que vc não passou na UFMG, mas como vc disse: o sonho não acabou...
Beijos, querida!

Estefane disse...

Salve adorada cronista, não vivenciei o boom do michael, mas tenho uma lembraça que me marcou muito na infância: a música que passa no final do filme freewilly, w'll you be there. Acho que eu tinha entre 4 e 6 anos quando ouvi esta música. Fiquei paralisada com tamanha beleza e emoção daquela composição. Evidente que foi, no primeiro momento, puro encantamento. Como era muito pequena e não existia muitos meios onde procurar, contentei-me em rever várias vezes o final, voltando a fita cassete. Eu nem sabia que era do Michael.
Tempos depois, anos passados, eu fui em busca dela na internet. Quando a ouvi novamente senti que o encantamento era inerente a canção, simplesmente deslumbrante, maravilhosa. Esta é uma das canções que mais me toca.
Hoje, mais entendida de música, melodia e talz, percebo que ela é uma belíssima composição, uma cofissão dele.
Sobre o fim dele, sem dúvida lamentável, no entanto, lamentável mesmo é o quanto seres humanos podem ser destrutíveis quando se deparam com a genialidade de outro ser humano. Penso ser essa a mensagem maior, fora a genilaidade dele que é incontestável.

Abraço e bom lhe ver de novo!

Francine disse...

O MJ fez parte da minha infância. Tenho fotos do meu irmão mais velho imitando o MJ e eu, ao lado, tão pequena olhando admirada..rs

Estranho como algumas lembranças só surgem quando perdemos alguém querido. Eu gostava do MJ, apesar de toda esquisitice, ele foi grande!

um beijo

Nina disse...

Oi garotinha bossa!!

adorei tua visita nos blogs, e adorei esse teu texto. Tbm acho que a gente vai morrendo aos poucos, vamos deixando pedacinhos de nós pelos caminhos, eu tbm tenho uma teoria estranha, eu acho que as pessoas (sei lá, pelo menos as boas) nao sofrem na hora da morte, eu tenho a impressao de que Deus abraca a pessoa antes e da um certo conforto, principalmente, se for uma morte violenta...

sei la'de onde tirei isso :)

qd vc tinha 4 e viu Thriller, eu já tinha uns 12 ou 13 anos e adorei tudo, já era fã dele antes dessa época. apaixonada que eu era, ele tbm esteve comigo durante toda a minha adolescencia, crescimento, sem saber...

sabe que ontem eu tava revendo uma entrevista dele onde ele fala que se de repente,acontecesse algo no mundo e todas as criancas sumissem, ele se jogaria de um predio? porque o mundo sem crianca seria impossivel pra ele. eu penso assim tbm, nao que me jogaria de um predio, mas eu seria alguem mt infeliz sem criancas por perto...

era um menino, aquele querido...

que vá em paz, finalmente.longe dos abutres que o rodearam a vida toda.