12 de dez. de 2009

Do amor


Não falo do amor romântico, 
aquelas paixões meladas de tristeza e sofrimento. 
Relações de dependência e submissão, 
paixões tristes. 
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de amor esse querer escravo, 
e pensam que o amor é alguma coisa que pode ser definida,
explicada, entendida, julgada. 


Pensam que o amor já estava pronto, 
formatado, inteiro, antes de ser experimentado. 
Mas é exatamente o oposto, para mim,
que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído, 
inventado e modificado. 
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita. 
O amor é um móbile. 
Como fotografá-lo? 
Como percebê-lo?
Como se deixar sê-lo? 
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor não nos domine?
Minha resposta? 
O amor é o desconhecido. 
Mesmo depois de uma vida inteira de amores, 
o amor será sempre o desconhecido,
a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação. 
O amor quer ser interferido, 
quer ser violado, 
quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto, 
decidimos caminhar pela estrada reta. 
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos, 
e nós preferimos o leito de um rio, 
com início, meio e fim. 
Não, não podemos subestimar o amor não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico. 
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia. 
Não é no meu sangue que ele ferve. 
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha e 
nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu 
como se fossem novas estrelas recém-nascidas. 
O amor brilha. 
Como uma aurora colorida e misteriosa,
como um crepúsculo inundado de beleza e despedida, 
o amor grita seu silêncio e nos dá sua música. 
Nós dançamos sua felicidade em delírio porque somos o alimento preferido do amor, 
se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço. 
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo, 
me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega. 
Morrer de amor é a substância de que a Vida é feita. 
Ou melhor, só se Vive no amor. 
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.

Paulinho Moska in:Do Amor 

7 comentários:

Ailma disse...

Ô.. POema perfeito!!
Sempre penso que o amor é um eterno devir..
Cheio de possibilidades. Não podemos podá-lo, defini-lo, explicá-lo. Temos que nos contetar em admirá-lo e com sorte, sentí-lo!!

Beeeeiijos!

Pipa disse...

Eu estou tentando não destruir o jardim de dentro de mim. Então retiro as rosas cálidas. Preciso aguardar o florescer.


Esfuziante o seu comentário.


P.S.: Te abraço com carinho

Taffarel Brant disse...

Lindo, tocante!
Maravilhoso por inteiro!

Paloma Candida disse...

Muito lindo demais.........adoro seu blogue sempre entro porque vc escreve muito bem, ou publica coisas muito interessantes; as fotos estão escuras mesmo mas eu queria tanto postar logo que foram aquelas mesmas...assim que achar o cabo da maquina coloco outras...vc faz dança de salão?
Que bacana quanto tempo?

Ticoético disse...

achei simplesmente belo o poema,gostei muito daqui,do modo de sua escrita,enfim,muito belo.
abração !

Karina disse...

Lindo demais!
E explica tudo: o amor não pode ser definido. Muitos confundem o amor com posse ou dependência, quando na verdade não é nada disso e está muito longe de explicações.

Adorei o post!

Beijos!

Ailma disse...

Tem selinho pra vc no meu blog!!

Beeiijos!